quinta-feira, junho 01, 2006

O Sol e a Lua!

Sacrilégios profanos na douta realidade metamórfica. É o vazio que tantas vezes é tão complicado de fazer desaparecer, é o futuro que vivemos antecipadamente como uma estaca que sangra a terra virgem, é o doce sorriso que tudo transforma.

quinta-feira, maio 25, 2006

Pátria!

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

in, Os Lusiadas, Canto I, estrofe III, Luís Vaz de Camões

terça-feira, maio 16, 2006

Leve.

É porque te sinto que sei que estou vivo...

terça-feira, maio 02, 2006

Artigo indefinido...

Primeiro oiço-os zurrar de mansinho. É um grito agonizado, sujo e envergonhado. Depois de dispersos, consigo cheirar os seus odores pestilentos, acabrunhados e embaraçados.
Vejo-os a rastejar como vis serpentes que cospem o seu veneno aleatoriamente e despropositadamente. Sinto-os quando passam por cima dos ramos secos e deixam a sua carranha viscosa.
Conspurcam a realidade ilusória onde teimam em viver e para onde desejam arrastar todos os outros.
Não há mentiras que consigam sobreviver por todo o tempo, mais cedo ou mais tarde o seu bacorejar imundo deixará de convencer quem quer que seja.

terça-feira, abril 18, 2006

Única.

Sim, fecho os olhos e consigo sentir o inebriante cheiro do teu perfume que refresca a esperança que cresce dentro de mim.
Sim, oiço o teu sorriso ao longe, como se abafado por beijos suaves e borrifado por vapores solares.
Sim, saboreio-te docemente, como a rebuçados de mel e canela.
Sim, estive sempre à espera que chegasses junto a mim…

segunda-feira, abril 17, 2006

Aqui!

É a ansiedade do teu regresso que me faz doer a barriga…

quarta-feira, abril 12, 2006

Requiem.

As paredes, de um alabastro aterrador e venenoso, descem sobre mim como cataratas gigantes que se despenham sobre o leito calmo e tranquilo de um rio abraçado por eternas árvores que sempre se recusaram a despir.
No centro, sinto-me amarrado, preso a um ideal que me despejei como a uma fuga. Encontro-me... desencontrado e fora da composição melódica que arquitectei para mim!
Procuro e vejo uma porta que se assemelha a uma ancora velha, crispada e segura por uma enorme corrente de ferro que a liga a um colossal íman que a puxa e amarra contra o centro de um buraco negro.
Ah! Pode ser que afinal esteja a ver a claridade bucólica que parece aproximar-se numa espiral imperfeita, pode ser que o reflexo que o meu pensamento imana da tua imagem, seja o suficiente para conseguir sair.

sexta-feira, abril 07, 2006

quinta-feira, março 23, 2006

Ontem.

Esculpia figuras imaginárias com um cinzelo de prata, delicadamente molhado pela gelada água que caía em catadupa dos céus em fúria, quando te senti chegar.
Receosamente olhei para ti, enquanto as impetuosas gotas me escorriam pela face, aproximaste-te e beijastes-me na fronte, e as tuas mãos percorreram com sobriedade e alegria o meu rosto exausto e descolorido. Abraçaste-me e imediatamente senti o faustoso calor que emanavas que me secou o corpo, mas acima de tudo que me aqueceu a alma.
Sentado em cima da basáltica pedra, recordo com felicidade o sonho imperfeito de uma noite de Inverno.

terça-feira, março 21, 2006

Sorriso.

É um sorriso, branco, imaculado, brilhante e resplandecente. Um sorriso caramelizado, colorido e doce. Um sorriso que atravessa montanhas com a força de ciclones tropicais, um sorriso que movimenta exércitos de letícias, um sorriso de magia, de encantamento e de ternura.
Sim, é o teu sorriso… que me faz levitar de alegria, que preenche o espaço vazio no meu peito, que me faz brilhar e sonhar.

segunda-feira, março 13, 2006

Salve.

Sim, talvez sejam apenas memórias enterradas em sonhos ilusórios.
Sim, talvez não passem de desejos utópicos transformados pelas mentes embriagadas da juventude.
Sim, talvez se resuma a uma vontade antárctica de remexer por entre as folhas caídas em demanda de tesouros milenares, requestando verdades que nunca existiram.
Talvez seja tudo isto, mas pelo menos tenha a certeza de que tu existes.

segunda-feira, março 06, 2006

Aromas

Chovem gotas com sabor a morangos e a framboesas, que entre os pilares cinzentos que enfeitam o teu jardim, desenham coloridos arco-íris e rocambolescos safaris.
Pela janela, enrolada entre os cortinados azuis de cetim, espreitas na ofuscante esperança de me vislumbrares entre os cardos vermelhos e as titubeantes violetas e longamente sorris quando finalmente os nossos olhares se encontram numa detonação de pétalas de algodão.
Salta, agarra-te às translúcidas e perfumadas bolas de sabão que eu sopro para ti, e vem até mim.

quarta-feira, março 01, 2006

Deuses.

É de pedra, fria e cinzenta… e os ponteiros são de ferro, vê como são pesados, parece que nem se mexem enquanto cá de baixo olho argutamente para eles.
É estranho, os sonhos e as ilusões parecem reflectir-se nele. Vejo-te correndo de pés descalços na areia fina da praia. Olhas para um ponto bem definido no infinito, enquanto o salgado vapor da leve rebentação das ondas te borrifa a pele. Será que vens na minha direcção?
E tu, oh mestre do tempo, porque não fazes as horas morrerem mais depressa? Quero estar com ela…

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Simplicidade.

As gélidas lágrimas que deixas cair enquanto te olho e digo adeus, são como doces salpicos do salgado oceano que se embatem e diluem contra a suave pele do teu corpo. São quentes silhuetas em noites escuras à sombra dos vermelhos lampiões, ignóbeis perífrases incapazes de exprimir a louca saudade e a terna felicidade, espelhos opacos que enfraquecem e que quase ocultam os magistrais reflexos dourados debruados em violetas borrifadas pelo orvalho, são lutas, guerras, discórdias, são leões, tigres e leopardos, são frutas silvestres e frutos tropicais, é a alacridade e a imaculabilidade, são histórias de princesas, de reis e de dragões, são horizontes escarlates contra a amarela areia da praia e são meigos beijos que sentes e que gentilmente ofereces sem nada pedir em troca.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Será.

Olho para o verde horizonte, e perscruto os multicolores papagaios de papel que esboçam elipses e rabiscos prateados enquanto te levemente puxo na minha direcção. Sussurro ao teu ouvido melosas palavras de desejo que são alegrias incontáveis e brisas embriagadas, encosto a minha cabeça ao teu quente peito e fecho os olhos enquanto os teus ardentes lábios procuram e sorriem aos meus.
Não preciso de violentos e loucos gestos de melifluidade, apenas quero que estejas e sejas, apenas aspiro a subir os íngremes degraus da escadaria de azul mármore com as tuas mãos bem presas às minhas.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

O salpicado.

Cheiram a pólvora molhada dos tiros de prata, os pejados pomares de pêssegos vermelhos da minha aldeia. São balas envergonhadas que queimam e destroem os odores luxuriosos, a alegria pobre e despida do velho camponês e os telhados de palha seca das pequenas casas de pedra escura e suja.
Lá do alto, coçando os longos bigodes esbranquiçados do tempo, o oficial em traje de guerra acende com a rubra ponta do seu cigarro o canhão que violentamente explode, enquanto os brancos e amarelos malmequeres se comprimem e esbatem sobre as enormes rodas de madeira.
Procuras a aniquilação total, mas sei que te posso prometer que do preto borralho da batalha vão recrudescer as ilusões patrióticas de uma vitória pela emancipação do espírito e da alma, e que no final, apenas tu podes perder!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Mosqueado.

São melosas centopeias de sarapintadas e azuis palavras que se articulam metafórica e desconcertadamente, como pedaços leves de algodão doce que se enrolam e colam dentro da nossa boca.
São as flores primaveris, que desabrocham ao som do chilrear compassado dos intrusos cantadores, que me fazem sorrir e beber o suave néctar do teu perfume que me invade e ocupa como a neve no cimo das montanhas de Inverno.
É assim que me fazes sentir, quando as tuas mãos se misturam indelevelmente com as minhas e quando os teus dedos percorrem lentamente a minha pele em busca de significados ocultos e harmoniosos.
Por isso, continua, sopra nos balões de cores brilhantes, faz com que o ar quente dos teus pulmões me faça levitar para lá do crepúsculo vermelho do horizonte, encosta a tua cabeça nos meus braços, beija-me, e faz-me acreditar e viver.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Olimpo.

As lajes de pedra rosada, soltas pelos gritos salivantes de um moribundo vento, são como cutelos de aço fleumático que rasgam e desfazem os meus sonhos e as minhas mais campestres e inocentes ilusões.
Odeio esses deuses que arremessam julgamentos do alto dos seus tronos de veludo azul e dourado, como se pudessem condicionar a minha própria vontade e existência.
Deixem-me por favor, larguem-me!

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O casto.

Cospem labaredas vermelhas e laranja pelos afunilados olhos de cereja açucarada, como cães danados sofredoramente protegem o seu senhor loucamente envenenado pela fragrância de uma mulher, as ávidas e bucólicas estátuas de marfim saudosa e solenemente plantadas no alto de um monte constantemente sacudido por vaporosos sopros escondidos e rejeitados de deuses e profetas do além.
Zurram e vociferam calorosos impropérios e sagazes rumorejos, prendem, julgam, sentenciam e ordenam sobre a existência dos leves inocentes, que não são mais do que puros e imaginários peões no campo de batalha.
Então e eu, será que posso decidir quem sou?

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Cratera.

Refugio-me no gritante silêncio da minha pedante ignorância e entrego-me à obediente intranquilidade do teu sorriso caramelizado.
Desconheço a constringida vereda da enraizada confiança e plano sobre a grave realidade da tua presença com a efémera certeza de ignorar o que sinto e o que desejo sentir. Doe-me na pele os aguçados espinhos do teu frágil olhar. Oh! E eu que sempre tive uma resposta para todas as interrogações…

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Reposição.

Tu...
Às vezes lembro-me de ti! Bem, provavelmente serão muitas vezes, mas ainda me custa falar e pensar nisso, quanto mais admitir.Foste, acho que poderia definir assim o que foi. Eras… muita coisa… em alguns momentos quase tudo, o real e o irreal, a chuva e o sol, a alegria e no fim a tristeza.Ainda tenho saudades tuas… creio que eventualmente sempre terei de uma forma ou de outra, sinto a tua falta… do teu sorriso, da tua alacridade contagiante, da teimosa estultícia com que celebravas os pequenos momentos da vida por mais simples que fossem…Sinto, senti como nunca tinha sentido antes, como pensava que não era possível sentir. Foi a esperança de um querer acriançado e ingénuo que me ligou de forma indelével a ti, que me fez ouvir a doçura da tua voz, as embriagadas palavras que murmuravas como Baco que me fizeram adormentar no sonho do inatingível, do quase real, do ilusório.Queria… e provavelmente ainda o quero… sentir o aroma a paixão que espraiavas. Queria, e ainda o quero… sentir o odor da incita distancia que nos separava, e que ao mesmo tempo nos unia. Acreditei e acredito ainda que poderia ter sido. Acredito que foi, não tenho dúvidas que Foste.Estás como estiveste um dia, e sempre estarás num lugar especial, no pequeno altar em que te colocaste e onde te celebrei. Há lugares que se ocupam para nunca se desocuparem, e mesmo na distância das palavras e dos gestos nunca deixarás de pertencer, onde desde o primeiro dia nunca deixaste de estar e hoje… gosto tão profundamente de ti, como no dia em que dissemos Adeus!

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Fim de ciclo.

Apreciei a tua cáustica e violenta verdade.
Depois de adormecer na fantasia do imaginário, a frieza equatorial das tuas palavras foram como escalpelos em carne podre. Não posso mentir… fiquei desiludido!
Ainda assim, obrigado, foste tu quem me permitiu fechar um ciclo e viver de novo livremente como um animal selvagem, além do mais nunca tive jeito para esperar.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Enigmática.

Cheiram a malmequeres laranja e azuis, os teus vaporizados pensamentos escondidos que escolheste guardar bem no fundo do teu ser. São espectrais alegorias de carmesins significados, são gigantescas bolas de sabão inventado, são délficas alegrias de incontáveis segredos.
Deambula pela falaciosa irrealidade, deixa-te cair e deslizar pelas suaves penas da fátua estultícia, ri-te audaciosamente e diz adeus ao passado.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Excentricidade.

Porque me dizes não? Deixas-me diletantemente vazio com as tuas vagarosas palavras mortas de vacuidade.
Sabes… podíamos subir juntos, de mãos dadas, pela escada de quimeras açucaradas até ao cume do universo. Lá, podíamos saborear como rebuçados de ilustrados paladares a idílica sensação de sermos apenas a singularidade.
E que tal… o que dizes, queres tentar?

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Éden!

Sabem a estrelas candentes os breves momentos de lúcida alegria, que são como gemados malmequeres translúcidos do fervor endiabrado da sã estultícia.
As artísticas esculturas de ferro semeiam odores imperfeitos e selvagens, como grilhetas macilentas dos velhos vapores da guerra.
É um jardim efervescente de atlântica actividade. Sinto que um dia pode ser nosso.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Os velhos!

Oiço cantar a nossa pátria no abafado bramar dos incorruptíveis senhores que se robustecem com o decrépito estilhaçar do alabastrino pano da nossa bandeira. Zumbem gritos de amotinação, com a exultação alegórica da metamorfose lúdica dos sentidos exalados e reprimidos.
Calem-se tristes e taciturnos homens de ontem! Deixem-me ouvir o suave sopro de quem sente puramente o hino do povo.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Cálidas flores.

És quente como um iceberg antárctico. O fátuo fogo que emanas, gela-me o contristado espírito que procuro ocultar bem no âmago do meu vulcânico ser. Está bem, fica com a minha alma escrava, afinal, já incineras-te deleitosamente tudo o resto que estava em volta.