segunda-feira, julho 28, 2008

O alçapão

Parece ser cada vez mais difícil encontrar a chave que abre essa porta basáltica que faz de pedra.
Espreito pelo buraco da fechadura encostando bem o olho junto à vermelha reentrância aveludada e esquadrinho a utopia aterradora que emerge ofuscante através da escuridão.
Não consigo distinguir entre as cinzas fabuladas da verdade e o fogo glacial da ilusão. Sou incapaz de vislumbrar a maciez ridícula da existência metamórfica que confunde o desejo com a realidade. Talvez porque não exista… Talvez porque possa ser apenas fruto exclusivo de uma reflexão exagerada do meu subconsciente quando pressionado pelo lento dilúculo da existência.
Já não estou certo de ter sequer olhado pelo estrambótico buraco da fechadura.
E a porta, será mesmo que existe?

terça-feira, julho 08, 2008

Submarinos invisíveis

Sonhei contigo esta noite.
Estavas deitada ao meu lado e o verde ofuscante do teu vestido lilás permitiu-me saborear o teu perfume.
Não sabia que cantavas. Mas gostei de ouvir a tua cristalina voz ao meu ouvido ao mesmo tempo que apertavas as minhas mãos contra o teu peito.
A naturalidade melodiosa da tua presença fez descansar a minha alma. Só precisava de te ter ali para fugazmente poder deliciar-me com a organização dos teus pensamentos.
Depois fugiste. Vi-te a desaparecer enquanto me chamavas egoísta!