sábado, setembro 05, 2009

Azul centopeia

Não consigo encontrar o grão de areia que te prometi! Perdi-me na infinitude da eterna procura, na impossibilidade metafísica da busca da idealidade, no irrealismo admirável da formosa loucura, em mim… Perdi-me na acidulada e pedante arrogância e no ruborescido e açucarado egocentrismo…
Que terei feito ao jardim de trufas vermelhas e gladíolos brancos? Que terá acontecido ao deserto que guardava dentro de uma Bola de Berlim? Onde estará o sorriso grená das tardes de domingo?
Agora, sinto ao longe o cheiro dos matizados colibris que pairam sobre as boninas verdes de betão e sinto nas minhas mãos, quando as seguro uma na outra, o frio aconchegante e dormente da cândida aurora. Imagino que não exista justificação para a desordem aromática da solidão que morre ciclicamente na pedra da saudade camuflada de oásis. É impossível que se encontrem estrelas incandescentes suficientes, no interminável e augusto deserto que esconde a singularidade dessas partículas minerais, para alumiar essa orgulhosa e imaginária demanda. É impossível que a desilusão do fracasso calcine alegremente a tranquilidade melodiosa da saudade.
Desculpa-me, mas não consigo encontrar o grão de areia que te prometi!