sábado, outubro 22, 2016

Estudos sobre a memória


Parece mentira, mas encontro-te em todos os ângulos rectos e nas margens estreitas da memória e sou ainda capaz de te achar nos caminhos traçados a giz que descobrem a variedade escavada dos sentidos. Na anamnesia dos misteriosos sorrisos, no embriagante perfume, na brandura do toque reconheço a profundidade ateia do que foste!
Por vezes, sobes por mim acima como se fosses um arrepio! Entras na minha alma e fazes-te notar! Revelas-te no doce sal das minhas lágrimas! No entanto, sinto que o Tempo me está a pregar uma partida, como se a recordação em mim gravada não passasse de uma miragem estupidamente real impressa num futuro que nunca acontecerá ou como se a tua existência e a minha pudessem, por artes mágicas, voltar a partilhar o mesmo Universo estelar.
Não sei porque é que insistes em aparecer em todos os momentos! Não há futuro para nós, apenas um passado em que o real e o imaginário se aproximam como duas linhas paralelas que se prolongam para o infinito.