quarta-feira, novembro 23, 2016

Estudos sobre a memória II


Nunca, como quando me recordo de ti, tenho tão perfeita noção da minha insuperável finitude!
Talvez seja do sabor ocre do calor que sinto nas minhas mãos quando repousam em surdina numa espera infantil ou da visão mosqueada de negro e grená que me surge nas entrelinhas numa tentativa de reminiscência catártica. Talvez seja porque procure encontrar um significado perene para a imensidão de cruzamentos superados em velocidade vertiginosa ou porque sou incapaz de aceitar a minha natural incapacidade para mergulhar na profundidade do azul oceânico.
Nunca, como quando me tendo recordar de nós, tenho tão perfeita noção da representação do vazio!