quinta-feira, agosto 07, 2008

Calor...

Sobe lentamente, como caem as lágrimas doces e selvagens pelo meu rosto, todo esse vapor ancestral que se entranha bem fundo nos ossos, que entorpece visceralmente os movimentos, que ensopa satisfatoriamente a alma e que tolhe velozmente toda a esperança.
Apesar da uberdade reluzente desta minha queda, apesar da hilaridade maléfica desse senhor sentado no púlpito áureo que comanda a minha existência, apesar do cheiro frio a queimado da minha fé nesse brasido marmóreo, não consigo deixar de sorrir com a miragem melíflua dos teus olhos felizes.
Ainda assim, não consigo deixar de continuar à procura da porta basáltica de pedra.

6 comentários:

Anónimo disse...

será que parou?
Que pena.. Deixou pendente um fio, será que posso puxá-lo..?
dá-me vontade. o fio está alto.
se prometer que salto tão alto, quanto de longe repousam as estrelas, e esticar as mãozitas, e arranhar no pano azul escuro, será que o agarro?

Filipe de Arede Nunes disse...

Se achar que consegue agarrar o fio, porque não tenta?

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Anónimo disse...

letras que nos levam a um mundo de sensações.será que a luz de felizes olhos não te aguardam, junto à porta, sem que tu olhes vendo?

Maria Paulo Rebelo, disse...

Não sei se já foram melhores os antigos! Sei sim que todos eles transbordam de sensações genuínas que inelutavelmente me obrigam a relê-lo, que me deixam numa ânsia sôfrega de chegar ao fim e paralelamente me deixam com um arrepio no corpo quando o atinjo! Como eu nunca li nada assim! Não quero de forma alguma insinuar seja o que for, tão-só elogiar o talento que deve ser admirado! ;)

Igualmente perfeito é "Refugio", no qual já eu também coloquei um outro comentário! (não me foi possível não o fazer, mas garanto-lhe que tenho feito um esforço para evitar comentar todos os textos que já li e reli)

Em nome de muitas pessoas, peço-lhe que não deixe escorrer-lhe pelos dedos a dádiva que lhe foi entregue, não deixe morrer essa inspiração transcendente de onde brota toda essa viva capacidade de traduzir para a escrita esses pensamentos que nos pairam na alma!

Take care,
Maria Rebelo

Maria Paulo Rebelo, disse...

Perdão, não será "Refugio" mas "Reposição". Distracção esta que me corrompe !

Takre care,
Maria Rebelo

Maria Paulo Rebelo, disse...

Que venha essa miraculosa inspiração, que esta sôfrega ânsia por mais perturba-me!