quarta-feira, dezembro 15, 2010

Sobre a tristeza!

Encontro-te pesarosa e violentamente debruçada sobre uma irrealidade fantasmagórica que te rapina, nesciamente, a fosforescente alacridade com que encantas os meus olhos quando te vejo e imagino!
Sentenciando alarvidades pejadas de espinhos de murchas rosas e estuprando a sincera beleza que emanas, caem-te as pétalas candentes num jorro de murmúrios violentos que apagam a solicitude ascética da tua verdade.
Como morrem num ápice os anteriormente maravilhosos sorrisos cantados de alecrim e manjericão! Como explodem em anarquia e dolência as palavras dantes cuspidas em bolas de sabão e balões de ar quente! Como se retraem e morrem os dedos habituados aos saltitos nervosos da excitação!
Quero encontrar-te nas saliências rochosas dos castelos de areia! Ver-te pairar sobre a consciência amorfa da irrealidade! Quero sorrir-te nos reflexos salgados do mar de prata e sentir a saudade do futuro!

11 comentários:

patti goldsmith disse...

Gosto muito, mas devias experimentar ser menos palavroso. Só menos um bocadinho. Há frases que acabam por perder o sentido e não queremos isso.

Continua a escrever, com mais frequência se possível.

Bjs

Anónimo disse...

Lindíssimo como sempre.
E discordo totalmente do anterior comentário, o ser palavroso é o que torna ainda mais especial.

Anónimo disse...

Apaixonei-me pelas suas palavras, e agora não resisto em passar por cá todos os dias.
Parabéns está lindo.

Cumprimentos.

António Barbosa disse...

O Jorge Luis Borges orgulhava-se de nunca ter obrigado um leitor seu a consultar o dicionário. O Filipe Nunes bem pode dizer o contrário.
Mais interessante que o pretor, sem dúvida...

Rita disse...

"sentir a saudade do futuro"

Anónimo disse...

é uma missão difícil...

e já li "solicitude ascética" umas 20x neste blogue. Só um ligeiro reparo

SC disse...

Fi, o próximo texto deveria ser “Sobre a alegria!”. Sobre a alegria que tens em ti e que soa a poesia. Aquela que partilhas com o teu olhar, que me ensinas a cada toque e que me deixa muito feliz!

SC

*

Eleonor disse...

Boa noite.
Não te achava tão romântico, dramático, sonhador.
És mais género arrogante ao vivo, mas devo dizer-te que escreves bem, portanto ignora as criticas dos que sofrem de complexos de inferioridade. Também tenho saudades do futuro... até lá vamos sonhando.

Catia Brinca disse...

"aquele que não sofre pelo que nunca viveu, é aquele que nunca sofreu aquilo que vive"

Anónimo disse...

Dou a mão à palmatória é muito bom escritor ou um pseudo( ate apetece como diria o outro) o que me leva a seguinte questão: Porque que não se dedica unicamente à escrita ? Faria um melhor trabalho disso posso eu garantir.
Isto pode parecer uma critica (já que a ironia é inevitável) mas escreve mesmo incrivelmente bem, não posso ,contudo, mentir e dizer que sou apreciadora porque não sou. Muito trágico e nesse campo só mesmo Shakespeare over and over again...

JV

Anónimo disse...

Embora aprecie a profundidade e sensibilidade demonstrada nestes textos, acredito que a beleza de um discurso nao se encontra nas palavras caras e exageradas, encontra-se na simplicidade, na subtileza... contudo, os meus parabens pelos posts. Nao o imaginava tao poetico!

DR