Sinto, infelizmente, que, muito provavelmente, nunca serás mais do que
uma singularidade aparentemente perfeita da minha delirante imaginação mas não
consigo, apesar dos indícios da minha desordeira estultícia, deixar de tentar
adivinhar a matéria intrínseca dos teus mais recessos pensamentos.
É claro que não sabes mas vivo, desde que te vi, uma existência
atormentada! É que não apenas não consigo desvendar os segredos dos teus
pensamentos como, ao longe, por mais que esforce a visão, a audição e o olfacto,
nem sequer sou capaz de perceber se o castanho é mesmo a cor dos teus olhos, se
a tua voz é harmoniosa como a de um anjo ou qual a fragância que polvilha a tua
pele.
São tamanhas as incertezas que, em tantos momentos, tenho vontade de
estender a mão para te tocar e, através do calor da tua pele, tentar perceber
se és mesmo real ou, se afinal, és apenas como uma bolinha de sabão com sabor a
algodão doce. Como era bom que quisesses ser real!
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