Sabes o que mais queria? Que me pudesses adivinhar as palavras sem que
eu tivesse sequer de as pensar e que te fosse possível compreender o sentido brando
e polissémico do meu rio de sorrisos.
É que será que já imaginaste quanto seria o tempo roubado ao futuro se
nos soubéssemos decifrar nos silêncios e nos olhares infinitos? Talvez desse
para subirmos, como colibris que mergulham e regamboleiam, as escadarias
torneantes dos arco-íris. Ou, quem sabe, para observar em surdina, no breu de
uma noite desértica, imortais chuvas de estrelas cadentes.
Tu sabes o que tens e só tu podes fazer: pega na chave e destranca a
porta!