-Responde-me, por favor, o que vês?
-O silêncio de um relógio de madeira. Uma mulher, esculpida em prata,
segura, entre os seus braços, como se não o pudesse deixar fugir, todo o tempo
do Mundo. Incrustações, sublimes, em madrepérola nas cercaduras do sofá de pele
castanha.
-Só?
-Uma vela, derramada sobre a mesa de velho carvalho, inflama-se, doce
e titubeantemente, ao som de Apollon
Musagète.
-Que mais?
-Um homem, de sapatos negros, bem engraxados, sorri de olhos cerrados.
Segue, placidamente, com a cabeça, o ritmo das cordas que choram alegre e esfuziantemente.
-Está acompanhado?