Parece
mentira, mas encontro-te em todos os ângulos rectos e nas margens estreitas da
memória e sou ainda capaz de te achar nos caminhos traçados a giz que descobrem
a variedade escavada dos sentidos. Na anamnesia dos misteriosos sorrisos, no embriagante
perfume, na brandura do toque reconheço a profundidade ateia do que foste!
Por vezes, sobes
por mim acima como se fosses um arrepio! Entras na minha alma e fazes-te notar!
Revelas-te no doce sal das minhas lágrimas! No entanto, sinto que o Tempo me
está a pregar uma partida, como se a recordação em mim gravada não passasse de
uma miragem estupidamente real impressa num futuro que nunca acontecerá ou como
se a tua existência e a minha pudessem, por artes mágicas, voltar a partilhar o
mesmo Universo estelar.
Não sei
porque é que insistes em aparecer em todos os momentos! Não há futuro para nós,
apenas um passado em que o real e o imaginário se aproximam como duas linhas
paralelas que se prolongam para o infinito.