Não sou eu que não existo, és tu! Aconteceste apenas numa criação da minha ébria imaginação. Num eclipse lunar numa tarde de primavera. Numa ilusão repleta de metáforas e acúleos venenosos.
Não fomos nós que não existimos, foste tu! Nós... nós beijámo-nos de mãos dadas nas praias desertas e silenciosas! Banhámo-nos desnudos nas margens saxosas dos rios encobertos. Silenciámo-nos encostados perante a grandeza do Amor. Dissemos a verdade durante toda a eternidade.
Não sou eu que não existo, és tu! Eu... eu percorro sozinho a extensão do enorme deserto. Sento-me na sombra dos feitos de Orfeu. Choro a dor de tu nunca teres existido!